Toquei à campainha... passavam poucos minutos da hora marcada. A amiga já estava vestida de sandálias calçadas e toalha enrolada na cabeça. Hoje era o dia. O dia acordou com a certeza de querer ser um bom dia, as previsões davam 30º. Já não podia usar o vestido verde! Quando toquei à campainha, já quase o dia ia a meio, por entre esquecimentos, tinha havido tempo para registar a quase-festa e entregar a comida ensonada.
Muitas foram as horas sem dormir e finalmente era hoje... O dia havia chegado.
Foi preciso um cabeleireiro e dois polícias para que tudo corresse pelo melhor. A felicidade cansada não permitiu bons registos deste momento, mas a cada piscar de olhos captei toda a toda a luz. E que luz neste dia. Como sorrias, amiga, estavas tão feliz, tão cheia de luz.
Só voltei a ver essa luz quando finalmente entraste para ires ao encontro do teu amor, do teu quase marido, do teu pacote de açúcar, da tua pessoa doce, do teu "todos os dias da nossa vida".
Estive alguns segundos calada neste momento, talvez tenha sido a mesma duração quando ao telefone me pediste para participar de forma especial na tua festa. Talvez esses segundos, seja a duração exata do deslumbramento com o mundo, em que sentimos a vertigem de existir.
Chorei, como agora choro ao escrever isto, porque me enternece saber que ainda há príncipes e princesas com amores mais bonitos que os dos filmes.
A mão esquerda quis mais protagonismo, tanto que acabou por ficar marcada por este momento. Cada vez que olhares para a mão mais perto do coração te lembres quem lá habita e do compromisso que quiseste firmar. Será que no meio disto ainda houve tempo para reparar na beleza reciclada, na beleza simples, na beleza laranja e branca, que aqui e ali acenavam a quem nelas quisesse depositar o olhar?
Quiseram partilhar esta liberdade, esta escolha de querer caminhar com o outro na vida sem medo (independentemente do que o amanhã trouxer) com os amigos.
Haverá festa mais bonita que aquela que celebra o amor? Do que aquela que é construída a muitas mãos e a muitos corações? Haverá quadro mais bonito a pintar sobre o dia, do que uma pincelada inocente de uma criança? Haverá fotografia mais bela que amigos com perucas e buás de penas, que usam o sorriso mais feliz?
Muito haveria a dizer... Oxalá todos os feriados fossem assim, uma festa da vida.
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