Teatralidades #5

Alice sai hoje à rua.
Alice foi a personagem que criei para desenvolver no Grupo de Expressão Dramática. Hoje sai à rua para conhecer o resto da malta que vai viajar com ela. Algumas partes do texto que escrevi sobre a Alice:
   Alice, 28/07/1996, natural do Ladoeiro - Castelo Branco, filha de José e Alexandra, 1,67 m, solteira. Estas são informações que figuram no bilhete de identidade, já caducado, de Alice. Mas Alice do alto dos seus 17 anos não se importava de viver assim, caducada, pois sabia que não era isso que a definia. (...)
   A rapariga dos olhos cor de café não ia à escola mas sabia ler, não ia à escola mas sabia escrever, não ia à escola e por isso acreditava que sabia melhor pensar. Dizia muitas vezes que a escola era um conjunto de basbaques, que acreditavam ser livres mas que viviam presos à inércia de existir de acordo com as regras que alguém estipulou. (...)
   A menina Alice, como ainda lhe chamam na comunidade de aprendizagem, passa a vida a fazer perguntas e não desiste enquanto não encontra respostas. Alice não quer ver o mundo a duas dimensões: está certo/errado, é branco/preto, está actual/desatualizado. 
   Os seus pais são pessoas simples que trabalham durante todo o dia e têm à noite o ponto alto do seu dia: ouvir Alice tão sorridente a falar sobre tudo o que aprendeu. Alice é feliz (...) e acredita na arte como ignição do pensamento.
   Ainda assim, Alice não sabe o que quer ser quando for grande, sabe que quer ser feliz mas que não é possível ser feliz para sempre, mas quer sê-lo a maior parte dos dias.
O nome Alice foi escolhido por ser o nome da neta do José Pacheco (Escola da Ponte). Uma humilde homenagem a quem recusou ser infeliz.


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